São atores e colegas do desaparecido Teatro da Cornucópia e olham para esta encenação de A Boda, de Bertolt Brecht, como o segundo gesto (após A Morte de Tintagiles, de Maeterlinck) de uma aposta na emancipação de um "novo" grupo em formação. Nesta centenária peça de um ato, uma das suas primeiras, Brecht decanta na desagregação de uma célula familiar todo o conturbado fracasso do período pós-Primeira Guerra Mundial alemão. Os noivos e convidados de A Boda entregam-se a uma coreografia ilusória de papéis, atitudes e expectativas, mas cedo o verniz estala, "a mobília cerimonial" (literalmente) quebra, a "cola" que a segurava sendo falsa. Através do olhar quase indiscreto e comicamente cruel de Brecht, como se "a ideia fosse rir e fazer rir do sério", o encenador Ricardo Aibéo viu a possibilidade de fazer, nesta altura precisa, uma espécie de "divertimento" que simultaneamente nos convida a perguntar "se é no conforto, na comodidade, no nosso pequenino espaço que devemos investir o nosso suor". De certa forma, a desmontagem social de uma família que em A Boda se encena, reitera, em contraponto, a pertinência da fundação de uma outra família de colegas e amigos que trabalham como pares há mais de vinte anos, apesar das dificuldades.
De Bertolt Brecht
Tradução
Jorge Silva Melo, Vera San Payo de Lemos
Encenação
Ricardo Aibéo
Cenografia
Cláudia Lopes Costa
Desenho de luz
Rui Seabra
Produção executiva
Armando Valente
Interpretação
David Almeida, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, João Craveiro, Luís Lima Barreto, Márcia Breia, Rita Durão, Rita Loureiro, Sofia Marques
Coprodução
Centro Cultural de Belém, TNSJ.
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