Leituras no Mosteiro
Mosteiro
São Bento da Vitória
15 Maio
"Cherchez la femme", parece querer dizer-nos a programação do TNSJ. Há, claro, a Lulu de Wedekind, mas também a Ivone de Gombrowicz ou, até, uma operática Donna di Genio Volubile. De abril a junho, as Leituras no Mosteiro também "procuram" as mulheres, todas elas nascidas na era cristã mas herdeiras diretas da "grega inquietação". De Séneca, autor latino do século I, chega-nos Medeia, baseada na tragédia sobre uma mulher "inquieta, desvairada, de mente insana", cujo ódio pelo marido que a abandonou a conduz ao sacrifício dos próprios filhos. De laços filiais nos fala também Andrómaca (1764), onde mora uma das mais espantosas personagens de Racine, uma mãe prisioneira - cativa mas senhora de si - que tenta salvar o filho da iminente condenação à morte. Deixámos Antígona para o fim, essa "filha de Deus antes de Deus ser conhecido". São inúmeras as tentativas de recriar a Antígona de Sófocles e de
encontrar nela as respostas às questões radicais da existência e da história. Jean Anouilh estreou a sua versão em 1944, no limiar da libertação do pesadelo nazi. Há nela uma personagem, "O Prólogo", que diz assim: "Antígona é aquela rapariga magra que está sentada, ao fundo, e que não diz nada. Olha em frente. Pensa. Pensa que dentro de momentos vai ser Antígona..."
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